É com muita alegria que publicamos esta excelente contribuição feita pela nossa aluna do Curso de Formação em Yoga com o suporte do Ayurveda de 2022. Só agradecemos querida, Li! Parabéns e Namastê!!!
TCC Ligia Sakai – Yoga e Covid19
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
FORMAÇÃO E APROFUNDAMENTO EM YOGA COM O SUPORTE DO AYURVEDA
SIM YOGA
SÃO PAULO 2022
Introdução
Em 11 de março de 2020, a COVID-19, doença viral altamente contagiosa causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV- 2), foi declarada pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Seu surto foi inicialmente relatado em dezembro de 2019 em Wuhan, província de Hubei, China. Desde então, quase 5 milhões de mortes foram relatadas em todo o mundo até a primeira semana de outubro de 2021.
Como medida imediata e eficaz para deter a propagação da infecção por SARS-CoV-2 e dar tempo suficiente para que os serviços de saúde estivessem prontos para lidar com o aumento do número de atendimentos e hospitalizações, os governos da maioria dos países impuseram “lockdowns” (fechamentos de serviços, empresas e escolas) em diferentes fases da pandemia e com diferentes níveis de restrições. O isolamento social decorrente acabou por resultar em efeitos adversos significativos no bem-estar psico-emocional das pessoas em todo o mundo. Elementos que criaram estresse, ansiedade e depressão foram o medo de contrair a infecção por SARS-CoV-2, a perda de entes queridos e problemas financeiros.
Para nós, profissionais da saúde que estavam na linha de frente, além do medo de contrair a doença, havia o medo ainda maior de sermos os vetores da infecção para nossos familiares e entes queridos. Como diz a música Clocks da banda Coldplay: “Am I a part of the cure, or am I a part of the disease” – eu sou uma parte da cura ou uma parte da doença? Situação que se tornou fonte de ainda mais ansiedade e estresse.
Assim, para além da saúde física, a pandemia de COVID-19 afetou significativamente a saúde mental de pessoas de todas as idades ao redor de todo o mundo. Dadas as opções limitadas de tratamento e o surgimento de múltiplas cepas com suscetibilidade variável às vacinas, outras intervenções estão sendo pesquisadas para ajudar na prevenção e tratamento da COVID-19, dentre elas, a prática de Yoga.
No contexto da Medicina Integrativa, o Yoga é uma disciplina mente-corpo que promove a vida saudável através de vários componentes, como a prática de posturas (asana), técnicas de respiração (pranayama), concentração (dharana) e meditação (dhyana). Um crescente corpo de evidências sugere que a prática de Yoga leva a um melhor manejo integrativo de uma série de doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II. O raciocínio subjacente é que essas doenças, como a COVID-19, expressam uma desregulação imunológica, resultando em várias de suas manifestações, que muitas vezes são desencadeadas ou exacerbadas pelo estresse.
A prática consistente de yoga fortalece a imunidade inata e adaptativa e ajuda a melhorar as funções fisiológicas, como respiração, digestão, circulação e produção hormonal. Alguns estudos propõem o Yoga como uma intervenção para acelerar a recuperação em pacientes com COVID-19, fortalecer o sistema imunológico, melhorar a saúde mental e reforçar a resistência ao vírus. O Yoga poderia ser considerado uma medida não farmacológica para manter o bem- estar físico e mental e contribuir para uma vida saudável.
Introdução
Em 11 de março de 2020, a COVID-19, doença viral altamente contagiosa causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV- 2), foi declarada pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Seu surto foi inicialmente relatado em dezembro de 2019 em Wuhan, província de Hubei, China. Desde então, quase 5 milhões de mortes foram relatadas em todo o mundo até a primeira semana de outubro de 2021.
Como medida imediata e eficaz para deter a propagação da infecção por SARS-CoV-2 e dar tempo suficiente para que os serviços de saúde estivessem prontos para lidar com o aumento do número de atendimentos e hospitalizações, os governos da maioria dos países impuseram “lockdowns” (fechamentos de serviços, empresas e escolas) em diferentes fases da pandemia e com diferentes níveis de restrições. O isolamento social decorrente acabou por resultar em efeitos adversos significativos no bem-estar psico-emocional das pessoas em todo o mundo. Elementos que criaram estresse, ansiedade e depressão foram o medo de contrair a infecção por SARS-CoV-2, a perda de entes queridos e problemas financeiros.
Para nós, profissionais da saúde que estavam na linha de frente, além do medo de contrair a doença, havia o medo ainda maior de sermos os vetores da infecção para nossos familiares e entes queridos. Como diz a música Clocks da banda Coldplay: “Am I a part of the cure, or am I a part of the disease” – eu sou uma parte da cura ou uma parte da doença? Situação que se tornou fonte de ainda mais ansiedade e estresse.
Assim, para além da saúde física, a pandemia de COVID-19 afetou significativamente a saúde mental de pessoas de todas as idades ao redor de todo o mundo. Dadas as opções limitadas de tratamento e o surgimento de múltiplas cepas com suscetibilidade variável às vacinas, outras intervenções estão sendo pesquisadas para ajudar na prevenção e tratamento da COVID-19, dentre elas, a prática de Yoga.
No contexto da Medicina Integrativa, o Yoga é uma disciplina mente-corpo que promove a vida saudável através de vários componentes, como a prática de posturas (asana), técnicas de respiração (pranayama), concentração (dharana) e meditação (dhyana). Um crescente corpo de evidências sugere que a prática de Yoga leva a um melhor manejo integrativo de uma série de doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II. O raciocínio subjacente é que essas doenças, como a COVID-19, expressam uma desregulação imunológica, resultando em várias de suas manifestações, que muitas vezes são desencadeadas ou exacerbadas pelo estresse.
A prática consistente de yoga fortalece a imunidade inata e adaptativa e ajuda a melhorar as funções fisiológicas, como respiração, digestão, circulação e produção hormonal. Alguns estudos propõem o Yoga como uma intervenção para acelerar a recuperação em pacientes com COVID-19, fortalecer o sistema imunológico, melhorar a saúde mental e reforçar a resistência ao vírus. O Yoga poderia ser considerado uma medida não farmacológica para manter o bem- estar físico e mental e contribuir para uma vida saudável.
Infecção pelo SARS-CoV-2
O SARS-CoV-2, o coronavírus que causa a COVID-19, é um agente infeccioso que invade o corpo através do sistema respiratório. A transmissão por gotículas é considerada a principal via de propagação. Uma pessoa pode ser infectada quando sua membrana mucosa (do nariz, olhos ou boca) entra em contato com as secreções respiratórias de uma pessoa ativamente infectada que está eliminando partículas de vírus.
Tendo entrado no corpo, o vírus SARS-CoV-2 usa uma proteína, (a proteína Spike) para se ligar aos receptores da enzima conversora de angiotensina (ECA)-2 como ponto de entrada na célula. Esses receptores estão presentes primariamente em células pulmonares, mas também em outros tipos de células, como as endoteliais (as células que revestem a parede dos vasos sanguíneos). Dessa maneira, a COVID-19, é uma doença primariamente respiratória, mas também pode afetar o trato gastrointestinal, hepatobiliar, o sistema nervoso central, cardiovascular e renal. Os sintomas mais comuns incluem febre, tosse, fadiga, produção de escarro, dor de cabeça, diarreia, dispneia (dificuldade na respiração) e linfopenia (linfócitos reduzidos no sangue).
Vários estudos mostraram que a presença de comorbidades, como doenças cerebrovasculares, doenças pulmonares crônicas, câncer, diabetes e hipertensão, podem aumentar a incidência e a gravidade da infecção por SARS- COV-2. Tais comorbidades associadas a estresse crônico e condições
inflamatórias podem afetar o bem-estar geral e o funcionamento do sistema imunológico para se defender contra infecções emergentes.
Papel do sistema imunológico na COVID- 19
As células imunes e seus produtos destroem e neutralizam os microrganismos infecciosos intrusos. O sistema imunológico é constituído pela imunidade inata e imunidade adaptativa. A imunidade inata é a primeira linha de defesa, de ação rápida, que efetivamente inibe os agentes infecciosos de entrar no corpo; ela existe para restringir infecções por novos patógenos, como o SARS-CoV-2. No entanto, se essa linha de defesa falhar, a imunidade adaptativa é ativada, o que é importante para controlar a maioria das infecções virais. O sistema imune adaptativo envolve linfócitos T, linfócitos B e anticorpos específicos, além das citocinas e quimiocinas (proteínas mensageiras) pró- inflamatórias que ajudam a eliminar o patógeno. Embora esses processos sejam muito potentes e eficazes, eles podem causar danos colaterais às próprias células e órgãos do corpo.
A infecção pela COVID-19 apresenta-se com três cenários clínicos diferentes: (1) portadores assintomáticos que apresentam imunidade inata em funcionamento adequado; (2) portadores sintomáticos com sintomas leves que alcançam a recuperação espontânea à medida que sua imunidade inata detecta a infecção e a restringe, ao mesmo tempo em que gera imunidade adaptativa que otimamente se livra do vírus; e (3) pacientes que desenvolvem doença moderada a grave e se recuperam ou morrem da infecção. Nesta terceira categoria de pacientes, as respostas imunes inatas e adaptativas são ativadas. Naqueles que morrem, o sistema imunológico está sobrecarregado, levando à Síndrome de Liberação de Citocinas, uma liberação maciça e em cascata de citocinas, também conhecida por tempestade de citocinas, que inicia destruição generalizada e a falência de múltiplos órgãos, levando à morte. Em essência, o vírus não mata diretamente, mas inicia uma reação imunológica que pode ser deletéria e ocasionalmente fatal.
A interleucina (IL)-6 é a principal citocina responsável por perpetrar essa reação fatal. Esse conhecimento gerou iniciativas para bloquear essa interleucina usando inibidores de receptores, incluindo produtos biológicos como o tocilizumabe. A causa precisa da disfunção imunológica e da Síndrome de Liberação de Citocinas, liderada pela superprodução de IL-6 é desconhecida.
Pandemia, imunidade e saúde mental
O remdesivir, o agente antiviral eficaz contra a COVID-19, apenas encurta a duração da doença em cerca de 33%. Os tratamentos antivirais recentemente aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration – Agência Federal Americana equivalente à Anvisa no Brasil) levariam à resistência se usados aleatoriamente. Além disso, a eficácia desses tratamentos não é absoluta e só há benefício se iniciados logo no começo do curso da infecção. Essas limitações tornam as medidas preventivas – incluindo vacinação, higiene, distanciamento social e equipamentos de proteção individual – como os principais meios de gerenciar a pandemia de COVID-19.
O distanciamento social, através de lockdowns parciais ou completos, geralmente leva a problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e ataques de pânico – os quais são conhecidos por regular negativamente o sistema imunológico.
Estresse
Tanto o estresse crônico quanto o subagudo têm um impacto negativo significativo no sistema imunológico: por um lado, a capacidade de lidar com o estresse ajuda a preservar a função imunológica; por outro lado, indivíduos com níveis mais altos de estresse e mecanismos de enfrentamento deficientes têm imunidade abaixo da média. A menor resiliência ao estresse está associada à baixa resposta de anticorpos e à diminuição da atividade das células natural- killer (células da imunidade inata).
O estresse também afeta a função imunológica por aumentar a secreção de glicocorticoides e catecolaminas, aumentar o tônus simpático e reduzir simultaneamente o tônus parassimpático. A consequência é o aumento da inflamação e a diminuição da proteção contra microrganismos invasores. Os níveis mais altos de estresse associados a lockdowns prolongados e o medo, ansiedade e depressão concomitantes levam a uma imunidade enfraquecida, abrindo as portas para uma infecção.
A prática de Yoga ajuda os adeptos a desenvolver uma atitude positiva durante o estresse, a melhorar a autoconsciência, a capacidade de enfrentamento, a calma, a atenção plena, o autocontrole, a habilidade de concentração, memória e funcionamento executivo. Reduz a hiperatividade simpática e melhora o tônus parassimpático durante uma situação estressante.
Depressão
Durante os lockdowns, o isolamento social e a falta de atividade física são dois fatores de risco proeminentes para a depressão, a qual aumenta significativamente o risco de infecção por COVID-19. Houve aumento das taxas de mortalidade e hospitalização entre os pacientes infectados pela COVID-19 que haviam sido diagnosticados recentemente com depressão.
Vários estudos confirmaram que a prática de Yoga melhorou o humor e a função cognitiva entre pacientes com depressão leve a moderada.
Ansiedade
As pandemias estão associadas ao aumento da ansiedade, no âmbito coletivo e individual. A natureza altamente contagiosa da COVID-19 e a falta de opções de tratamento aumentam a ameaça à sobrevivência e podem desencadear ou agravar os transtornos de ansiedade e pânico preexistentes.
A ansiedade contribui para uma disfunção significativa na função imunológica, desregulando o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Alterações complexas no meio inflamatório relacionadas a citocinas desreguladas foram documentadas em pacientes com transtornos de ansiedade. Essa resposta anormal do sistema imunológico na ansiedade e na depressão pode contribuir para o aumento da infecção e o manejo incorreto da infecção grave, levando a uma resposta ampliada e autoprejudicial das citocinas.
Os resultados de uma intervenção de Yoga de 8 semanas (asanas, pranayama e meditação) indicaram que o tratamento médico associado ao Yoga é mais eficaz do que o tratamento médico isolado na redução da ansiedade.
Yoga e bem-estar
Yoga é considerado uma prática sagrada que é eficaz na obtenção de força física, equilíbrio mental e crescimento espiritual. Compreende uma variedade de técnicas e exercícios que incluem posturas físicas (asanas), exercícios de respiração (pranayama), meditação, canto de mantras, mudanças de estilo de vida e pode incluir a prática de certas crenças espirituais.
Estudos destacaram que o Yoga melhora vários aspectos da qualidade de vida e do sofrimento físico e psicológico. Até o momento, evidências de extensas pesquisas sobre Yoga e meditação forneceram dados científicos que os sustentam como medidas eficazes no gerenciamento de estresse e ansiedade. Além do bem-estar mental, os pesquisadores endossaram os efeitos benéficos das práticas regulares de Yoga na melhoria das funções metabólicas e vasculares do corpo humano, além de aumentar a imunidade, melhorando a circulação, removendo toxinas, modulando mediadores inflamatórios e fortalecendo o sistema imunológico.
De acordo com pesquisas anteriores, o pranayama acalma o sistema nervoso, ajuda a manter a pressão arterial e as respostas ao estresse e tem um efeito benéfico no equilíbrio do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Além de ser eficaz para controlar o trato respiratório, estimular o sistema linfático, reduzir a inflamação e influenciar as respostas imunes específicas à vacinação.
Outros estudos também delinearam o papel do Yoga na manutenção do comprimento dos telômeros (em grego significa “parte final” – são partes de DNA situados nas extremidades dos cromossomos, cuja função principal é proteger o material genético), mantendo a integridade genômica e promovendo a longevidade celular.
Pesquisas têm sugerido que o relaxamento é altamente essencial para uma boa concentração, memória e atenção, o que pode ser alcançado através do Yoga e meditação. Sabe-se também que a quantidade e a qualidade do sono e o ritmo circadiano afetam significativamente o funcionamento do cérebro e podem alterar o sistema imunológico. Portanto, práticas de Yoga, meditação e sono adequado contribuem para melhorar o funcionamento diário, a percepção emocional, a atenuação e o estado de alerta mental.
Ao melhorar a consciência corporal, sentimentos e pensamentos, o Yoga facilita a experiência das sensações corporais de uma forma sem julgamentos.
Também permite que o praticante se concentre na experiência presente, em vez de ruminar sobre preocupações futuras ou passadas. A autoconsciência ajuda a evitar comportamentos viciantes ou excessivamente indulgentes, incluindo comer e dormir em excesso. Yoga ajuda as pessoas a permanecerem ativas e promove uma atitude positiva durante um lockdown.
Yoga e Imunidade
Yoga é notável por ter um impacto positivo sobre o sistema imunológico e nas vias de inflamação. A prática reduz a inflamação e aumenta o número e a atividade das células natural-killer (imunidade inata).
Evidências mostram que a prática de Yoga está associada à melhora na contagem de linfócitos T CD3+ e CD4+, nos níveis de cortisol salivar e de imunogloblulina A, um anticorpo com importante papel na imunidade inata, presente em alguns revestimentos mucosos e que fornece proteção contra infecções das vias aéreas. Ademais, o cortisol, que amortece a capacidade do corpo de combater a infecção, é reduzido pela prática de Yoga.
Verificou-se que o Yoga é benéfico em condições de comprometimento do sistema imune, como o HIV; houve melhora na contagem de células T CD4+, na ansiedade, depressão e estresse entre pacientes portadores desse vírus. Verificou-se também ser igualmente eficaz na melhoria da contagem de células T CD56 +, ansiedade e depressão em distúrbios crônicos, como o câncer.
Evidências indicam que a prática de Yoga ajuda a reduzir a inflamação, regulando negativamente uma vasta gama de moduladores que perpetuam a inflamação crônica. Vários estudos comprovaram o efeito benéfico do Yoga na inflamação e como ela leva à redução da Síndrome de Liberação de Citocinas.
Efeitos Cardiorrespiratórios protetores do Yoga
A prática consistente de Yoga pode desempenhar um papel protetor, com inúmeros efeitos positivos sobre os sistemas cardiovascular e respiratório. Tem sido comprovado que melhora diversos quadros de arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, doença cardíaca isquêmica e hipertensão. A prática regular de Yoga atenua a pressão arterial sistólica e diastólica, possibilitando um controle pressórico com menor necessidade de medicação. Um estudo demonstrou que simplesmente deitar-se na postura Savasana durante 20 minutos por dia foi eficaz na redução da pressão sanguínea e diminuiu a necessidade de medicação anti-hipertensiva.
Evidências indicam que o Yoga oferece proteção multifacetada contra danos cardíacos mitigados pela liberação desregulada de citocinas, como a observada com a COVID-19.
Papel do Yoga na melhora do metabolismo
A taxa metabólica varia de pessoa para pessoa, dependendo de vários fatores, como idade, sexo, relação músculo-gordura, composição genética, atividade física e equilíbrio hormonal. A redução das atividades ao ar livre e a mudança nos padrões alimentares experimentados durante o lockdown global associado à COVID-19 tornaram-se razões para a obesidade entre os adultos jovens. Estudos sugerem que o Yoga pode melhorar o metabolismo e ajudar a queimar o tecido adiposo acumulado devido a esse estilo de vida. Dessa forma, poderia ser uma ferramenta essencial para manter um bom metabolismo durante os períodos de inatividade prolongada, como lockdowns.
O microbioma intestinal consiste em milhares de organismos que ajudam na absorção e digestão de alimentos, na produção de energia e, finalmente, melhoram o funcionamento do sistema imunológico. É importante ressaltar que a microbiota e a imunidade inata são conhecidas por se comunicarem bidirecionalmente. Em outras palavras, o sistema imunológico ajuda na manutenção da simbiose hospedeiro-micróbios; por sua vez, os micróbios ajudam a desenvolver o sistema imunológico inato e adaptativo, responsáveis por proteger o corpo de várias infecções.
Durante o estresse, uma população microbiana intestinal alterada pode afetar a regulação de neurotransmissores mediados pelo microbioma e pela função de barreira intestinal. Da mesma maneira, doenças psicológicas, como depressão, ansiedade e distúrbios cognitivos, têm sido associadas à disbacteriose desse microbioma. Relatos mostram que a meditação ajuda a regular a resposta ao estresse, suprimindo estados de inflamação crônica e mantendo uma função saudável da barreira intestinal. Portanto, para manter a saúde intestinal, o exercício físico e Yoga podem ser terapêuticos.
Conclusões
Evidências acumuladas nos levam a supor que, para muitos, a prática de Yoga pode atenuar os efeitos nocivos da disfunção imunológica induzida pela COVID-19 em diferentes estágios.
Yoga e meditação auxiliam no gerenciamento do estresse crônico, regulando as citocinas, promovendo, assim, um melhor controle de comorbidades e melhorando a qualidade de vida, o que é importante tanto na COVID-19, como na doença pós-COVID. Ademais, proporcionam efeitos benéficos para manter o bem-estar físico e mental e ajudam a lidar com tempos estressantes, como pandemias e lockdowns.
Do ponto de vista de saúde pública, o Yoga representa uma estratégia de baixo custo e não invasiva para aliviar os danos físicos, mentais e emocionais da pandemia da COVID-19, podendo ser usada não apenas como medida terapêutica, mas também como medida preventiva.
Resumindo, as descobertas da literatura existente indicam que a prática de Yoga tem o potencial de fortalecer a imunidade e acabaria por ser uma medida preventiva e terapêutica eficaz contra a COVID-19. (Fig 1.)
Fig 1. Yoga ajuda a melhorar vários parâmetros de saúde relacionados à imunidade. (Tradução: melhora o equilíbrio autonômico; reduz estresse, ansiedade e depressão; melhora o humor, reduz inflamação; melhora atenção plena). Basu‐Ray et al. BMC Complementary Medicine and Therapies (2022) 22:191.
Não obstante, são necessários mais estudos, como ensaios clínicos adequados para documentar a eficácia desta estratégia, com mais informações sobre o papel do Yoga na imunomodulação e na saúde mental durante a atual pandemia.
A conclusão que podemos ter, indubitavelmente, é que a pandemia da COVID-19 provou ser um chamado de alerta para a humanidade em diversos aspectos.
Referências
– Basu-Ray I, Metri K, Khanra D, Revankar R, Chinnaiyan KM, Raghuram N, Mishra MC, Patwardhan B, Sharma M, Basavaraddi IV, Anand A, Reddy S, Deepak KK, Levy M, Theus S, Levine GN, Cramer H, Fricchione GL, Hongasandra NR. A narrative review on yoga: a potential intervention for augmenting immunomodulation and mental health in COVID-19. BMC
Complement Med Ther. 2022 Jul 18;22(1):191
– Dalpati N, Jena S, Jain S, Sarangi PP. Yoga and meditation, an essential tool to alleviate stress and enhance immunity to emerging infections: A perspective on the effect of COVID-19 pandemic on students. Brain Behav Immun Health.
2022 Mar;20:100420.
– Shah K, Adhikari C, Saha S, Saxena D. Yoga, immunity and COVID-19: A scoping review. J Family Med Prim Care 2022;11:1683-701.